Para a OCDE, produtividade no campo é condição necessária para sustentabilidade agrícola
Segundo Jonathan Brooks, Chefe da Divisão de Commodities da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a escala de produção e a elevação dos níveis de produtividade são condições fundamentais para garantir práticas de agricultura sustentável. Isso porque a otimização de recursos na produção está altamente interligada com o aumento de produção sem expansão da área cultivada, explicou Brooks. A afirmação constou no discurso inicial do pesquisador durante o evento Dialogues on Sustainable Food and Agriculture, no dia 23 de novembro. O debate online foi organizado pela ELO (European Landowners’ Organization), entidade representativa dos proprietários de terra na União Europeia, e contou com apoio da Apex-Brasil e da Missão do Brasil junto à União Europeia, além do corpo diplomático do Ministério das Relações Exteriores (MRE) em Bruxelas.
O evento girou em torno das tecnologias que levam produtividade e sustentabilidade ao campo, com discussões no Brasil e na Europa. O foco foi a agricultura de baixo carbono e técnicas de precisão.
Do lado brasileiro, representantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), e da sociedade civil brasileira apresentaram casos de estudo e interagiram com perguntas da audiência. João Adrien, Assessor Especial do Ministério, explicou que o código florestal brasileiro impõe a preservação de vegetação nativa, o que, segundo ele, é elemento necessário para o sequestro de carbono, aumentando a sustentabilidade do setor. O Cadastro Ambiental Rural (CAR), ainda segundo Adrien, gerencia e monitora, via satélite, as áreas de preservação de mais de 4,5 milhões de propriedades rurais no Brasil.
Márcio Albuquerque, Presidente da Comissão Brasileira de Agricultura de Precisão, contou que as técnicas de precisão no Brasil se baseiam no mapeamento do solo para garantir a alocação mais eficiente de insumos e água, gerando aumento de produtividade sem demandar aumentos de área. O Brasil está ainda, segundo ele, no início de um processo de transição para uma agricultura digital que interligará a produção com toda a cadeia de forma mais sustentável.
A intervenção sobre sequestro de carbono ficou a cargo de Eduardo Bastos, Diretor de Sustentabilidade da Bayer América Latina. O pesquisador e executivo realçou a existência de três pilares na cooperação entre setor privado e entes governamentais: o primeiro deles é o Plano ABC, que visa à implementação em larga escala de uma agricultura de baixo carbono; o segundo relaciona-se com técnicas de mitigação da emissão de gases do efeito estufa – MRV (measurement, reporting and verification); e o terceiro refere-se à interconectividade dos mercados com produtores e reguladores, para que a estrutura legal reflita condições de manter aquecida a demanda de produtos de baixo carbono.
A gravação do evento, na íntegra, pode ser acessada através do link.