Entendendo as cadeias globais de valor
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O Brasil pode construir vantagens competitivas em nível mundial estando atento à padronização de cada setor da indústria e do comércio. Nesse sentido, também deve participar das discussões relacionadas às cadeias globais de valor envolvendo a padronização de produtos. Estar na mesa onde se discutem os padrões globais ajuda a manter as características dos produtos brasileiros que os tornam tão atraentes para os compradores estrangeiros.
Essas foram algumas das conclusões obtidas no workshop “Globalization and sustainable development: the role of firms from emerging countries on Global Value Chains”, realizado nesta segunda-feira, 21/5, no Auditório da Apex-Brasil, em Brasília. O evento proporcionou um ambiente de debate que buscou compreender os principais desafios do governo e das empresas no processo de inserção das empresas e produtos brasileiros nas cadeias globais de valor e sua relação com os esforços de ampliação de exportações e atração de investimentos.
A abertura do workshop foi feita pelo presidente da Agência, Roberto Jaguaribe, e pelo secretário do Tesouro Nacional do Ministério da Fazenda, Mansueto Almeida. Em seguida, houve apresentação dos professores Khalid Nadvi e Rudolf Sinkovics, especialistas no tema da Universidade de Manchester, no Reino Unido, e do também professor e especialista Afonso Fleury, da Universidade de São Paulo (USP).
“Estamos mudando nossa política de negociação de comércio e buscando negociar com os competidores mais importantes do Mercosul e da União Europeia. Percebemos que as nações não querem mais concentrar a maior parte de seu comércio com um país, os Estados Unidos, pois eles têm uma interpretação muito volátil das negociações comerciais”, afirmou Roberto Jaguaribe.
Jaguaribe afirma que o Brasil pretende avançar nesse sentido, afinal o cenário global está mudando e é preciso ter a certeza de que o País será protagonista. Já Mansueto Almeida, Secretário do Tesouro Nacional, aproveitou o evento para fazer um alerta. “Se pretendem participar do comércio internacional, as empresas devem cumprir padrões internacionais. Precisamos de mais empresas que cumpram os padrões internacionais ambientais e de rotulagem. Esse processo de mudança no ambiente global começou nos últimos dez anos, em relação às multinacionais de países emergentes. É um mundo novo e promissor”, disse.
Os participantes do workshop concordaram que o Brasil é um país chave em termos de engajamento com os padrões internacionais. Um país que cumpre e estabelece padrões. “Os padrões relacionados ao açúcar, por exemplo, surgiram a partir dos desafios da indústria brasileira do setor, nos anos 1990. Historicamente, os padrões surgem no Hemisfério Norte. Aos poucos, essa tendência vem sendo modificada”, explicou Khalid Nadvi, professor da Universidade de Manchester.
Também professor da Universidade de Manchester, Rudolf Sinkovics questionou como pode ser compreendida a capacidade de desenvolvimento das empresas multinacionais de países emergentes. “Antes de mais nada, quando se trata de cadeia global de valor, é preciso uma preocupação com a sociedade civil, o meio ambiente e a economia internacional”, aconselhou Sinkovics. Uma tendência que está sendo fortalecida, segundo o Afonso Fleury, professor da USP. “O comportamento das multinacionais brasileiras têm mudado. Há empresas que estão repatriando suas operações em vez de mandar para fora”, acredita.
De acordo com a diretora da Apex-Brasil, Márcia Nejaim, que moderou o debate, os participantes do evento trouxeram ótimas inspirações para o trabalho da Agência. “Eles traçaram um retrato do que acontece no mercado internacional, em se tratando de cadeias globais de valor, o que é importante para a Apex-Brasil, que recebe mais subsídios no trabalho de desenvolvimento de seus programas junto às empresas brasileiras”, definiu.
A Apex-Brasil, em parceria com o Centro de Estudos em Sustentabilidade da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (GVces) lançou em novembro de 2013 o projeto “Inovação e Sustentabilidade nas Cadeias Globais de Valor”, que visa criar um novo modelo de exportação da marca Brasil como país inovador, competitivo e sustentável.
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