ESPECIALISTAS DEFENDEM ETANOL NA COP 22
Capaz de emitir até 90% menos gases de efeito estufa em relação à gasolina, o biocombustível representa, no curto e médios prazos, a melhor alternativa para países que precisam urgentemente reduzir emissões no segmento de transportes, um dos que mais contribui para o aquecimento global em razão do uso de combustíveis fósseis. Esta foi a mensagem-chave do seminário “Bioethanol: a low carbon, renewable energy source ready to use!” promovido semana passada (14/11) pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) durante a Conferência do Clima (COP22), no Marrocos, e que reuniu executivos da entidade, Governo e especialistas em energias renováveis da Agência Internacional de Energia (IEA), Associação Mundial de Bioenergia (WBA) e Observatório do Clima (OC).
Para a presidente da UNICA, Elizabeth Farina, o encontro, realizado em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), foi uma excelente oportunidade para ressaltar os inúmeros benefícios advindos da produção/utilização do etanol. “Mostramos como o setor sucroenergético é fundamental para o crescimento sustentável do Brasil, conciliando produção agrícola e preservação ambiental. Trata-se de uma experiência que pode ser replicada em muitos países dependentes de petróleo, como os africanos e asiáticos. Enfatizamos aspectos econômicos e sociais do biocombustível mais viável que existe, especialmente no momento em que o mundo discute e define estratégias para a implementação do Acordo de Paris”, afirmou a executiva.
Durante o evento, organizado no Espaço Brasil (Zona Azul), o consultor de Emissões e Tecnologia da UNICA, Alfred Szwarc, apresentou novas tecnologias associadas ao uso do etanol, como a que substitui, nos caminhões, o diesel pelo biocombustível, além de célula de combustível a etanol e outras inovações. Já o coordenador do Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG) do Observatório do Clima, Tassio Azevedo, lembrou que além fornecer etanol para o segmento de transportes, a biomassa da cana também apresenta enorme potencial de aproveitamento no setor de energia, o maior emissor de gases causadores do efeito estufa. “As emissões do Brasil têm aumentado. Somente nesta área o crescimento foi de 45% nos últimos dez anos. A biomassa da cana poderia contribuir ainda mais para atenuar este cenário”, avaliou.
De acordo com a diretora Executiva da Associação Mundial de Bioenergia (WBA), Karin Haara, os biocombustíveis são cada vez mais decisivos para a redução das emissões de poluentes e criação de empregos. “Combustíveis renováveis representam uma alternativa real para países em desenvolvimento. Entretanto, para viabilizar projetos nesta área, são necessárias políticas públicas e mandatos efetivos de uso”, alertou.
O analista sênior da IEA, Cédric Philibert, ponderou que apesar de constatar que houve um aumento na produção e uso de energias renováveis nos últimos anos, o planeta ainda está longe de cumprir as metas estabelecidas no Acordo de Paris. “Não estamos na trajetória ideal. É preciso estimular os biocombustíveis, que são essenciais para a viabilizar este processo de ‘descarbonização’ nos transportes, incluindo a aviação”, disse.
Ao final do seminário, o secretário de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (MMA), José Miguez, ressaltou o peso do etanol dentro do plano brasileiro de redução das emissões de gases de efeito estufa até 2030. “É um combustível muito importante para a nossa NDC, assim como o bagaço e a palha da cana para a geração de energia elétrica limpa e renovável”, observou.
Nos próximos 14 anos, o País terá que cortar em 43% suas emissões de GEEs. O compromisso brasileiro prevê alcançar o índice de 18% de biocombustíveis sustentáveis (etanol e biodiesel) na matriz energética e o aumento de 10% para 23% no uso de energias renováveis (solar, eólica e biomassa) na matriz elétrica.